fina #6

Editorial

Fazer uma revista é como fazer um bebê. Existe prazer na hora da concepção. Expectativa durante o processo. Medo, angústia, sinais. Na hora do vamos ver, nunca é parto normal. Para sair um exemplar, é sempre pela via mais dolorosa. E demora. Nove meses, dez meses. Um ano, dois. Esta edição já é maturada há tempos. Perdemos as contas em revisões, devoluções, mudanças, chás de sumiço. Perdemos as esperanças. Se sai ou não sai. Se você lê este texto, saiu, cortamos o cordão umbilical. Acontece que esse mix de espera e paciência, ao longo do tempo, torna-se algo corrosivo. Uma preocupação. Como tantas preocupações – somos tão preocupados – válidas para quem se aventura (essa é a palavra) pela literatura. Viver de literatura, no Brasil, só é possível quando se tem um emprego de verdade. A literatura não é um emprego, então? Claro que não. É muito mais do que isso. É paixão, vocação, tesão, seja lá como você quiser falar. Mas os poderosos não deixam os artistas em paz.